Amar requer força, tempo, dedicação, respeito, abrir mão, tanto, que prefiro parar de contar. Paro mesmo, paro e penso na possibilidade do não amor, da negação da possibilidade do outro em poder querer ou não.
Porque faria isso? Querer tão bem, que você dedica seu tempo tão precioso, que podia está estudando, dormindo, aprendendo uma língua nova, uma teoria incrível, por ter simplesmente a sorte de um olhar brilhante, de palavras carinhosas, de beijos incríveis até dormir de conchinha ou o simples pensar em alguém, se colocando distraída na possibilidade de tê-lo nos mais banais momentos.
Sinceramente, que peso isso atribui a vida???
Ai ai ai, sou bombardeada diariamente pela a destreza de ter a "sorte de um amor tranquilo", mas meu corpo já está tão cheio de "nãos". Armaduras que enferrujam com o tempo e que se você não refletir em cima disso, ao ponto de ter a consciência de ter me apoiado em justificativas do não amar, seja por: estudos, trabalho, tempo, dinheiro, família, sociedade, moral, costumes, ego...
As vezes me considero tão incrédula do amor, mas no outro dia estou metendo a cabeça na parede porque reguei meu jardim de tão bons momentos com Ele, que eu não sei mais o porque de me afortunar escrevendo, pensando, desejando, submetendo, apostando na roleta russa do seu sim.
Quando passo a pensar de verdade, quero profundamente esquece-lo. Acho tão óbvio o que acontece em seguida. "É pior!"
A busca pelo não ter, comina na possibilidade de está cada vez mais presente a angustia de sua ausência. E então sofro por antecipação... O medo de amar se torna ainda maior, do que a possibilidade do " e se".
Faz alguns dias que tenho me ocupado nessa negociação exacerbada com o meu coração, mas hoje, caminhando à beira mar, refleti a respeito dos prós e contras que tem se levantado... Respirei fundo e ri de mim mesma.
-"Vou filosofar mesmo em cima disso?"
Insisti... Estou certa que o amor não está na privação, na peleja, na negociação, na dedicação, na violação, no medo, na recusa, na ansiedade, na necessidade de troca. Mas sim, na distração.
Me coloquei calada, ri dos meus medos e parti. Parecia ter deixado ali a certeza de poder ou não errar por querer ter alguém... Alguns passos naquela areia fofa, até que me deparei com o vazio de que pudesse nem querer ninguém de fato: Não sei porque me prendo a tantos quereres que não são os meus... Moral, ética, religião, loucura, lucidez, o outro...
O que é o outro?
Segundo Lacan, quando ele afirma "o desejo é o desejo do Outro". Quer dizer que o desejo de ser amada, ou qualquer desejo que eu tenha, já existia antes mesmo de eu existir. Logo, se tenho a sensação de me sentir ansiosa em ser amada, quer dizer que o amor é uma informação que me bombardeia desde sempre e que pode ser fruto de uma simples ideologia.
Logo, o amor é uma construção social.
Pohammm, que cruel!
Mas então onde fica a nossa essência e onde guardo aquela caixinha de emoções fortes? O amor e a essência, tem alguma relação?
Mas e quando a ideia do livre arbítrio .... Será que temos de fato essa escolha, amar ou não?
Como ter a consciência de si? No outro? A ponto de ama-lo tanto, que nos perdemos de nós mesmo? E quando nos perdemos de nós mesmos, o outro perde o encanto, porque não se agrada mais como é visto pelo olhar daquele, buscando se ver de uma forma ainda mais bela por um outro? Que vazio!
Tá, não sei se os filósofos souberam o que é amor... Mas com certeza algumas pessoas negam amar, pra não sofrer, sofrendo desde então.
A destreza de amar, deve requerer tanto jogo, que para amar, parece não caber aos bobos.
O que me leva a refletir que nenhum bom poeta, deve ter sido tão bem amado...
Falando em bobo... Hoje, um menino que se apaixonou por mim na adolescência me adicionou ao face. Não entendia porque faria, se estava tão bem casado e mesmo assim, em algum momento de sua vida, me fez pensar que nunca me esqueceria, de tão bobo que se apresentava, a ponto de ainda hoje continuar parecendo querer saber mais de mim.
Pensei... Será que ele me amou ou me ama, como já ouvi tantas declarações incríveis dele e de tantos outros?! Fugi de quase todas denominações, como se não estivesse apita a amar.
Sentir é maior que racionalizar? Racionaliza primeiro, depois se sente?
Ai a sorte da distração...
Não sei explicar, só sei que sinto prazer ao pensar que posso amar alguém, mesmo duvidando de sua real existência.
Por fim, decido a sorte de não pensar em ter definição, me sinto livre assim, capaz de fato de amar, o não se enquadrar aquilo que espero de mim, ou a sociedade determina. Mas pelo simples fato de existir e ser permissível errar... A implenitude me encanta e comparo ao amor, como se vibrassem na mesma intensidade. Sentimentos rebeldes.
Chego em casa, tomo aquele açaí, como quem me presenteio e brindo-me: à liberdade do amor!